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segunda-feira, 23 de maio de 2016

Ken Loach e a segunda Palma de Ouro do Festival de Cannes


Na entrega de uma segunda Palma de Ouro de Cannes, ontem, Ken Koach referiu o “ mundo perigoso” em que vivemos, e a necessidade de o cinema protestar contra o neoliberalismo crescente que, nas suas palavras, tem feito definhar a Europa, a Grécia, Portugal, porque “outro mundo é possível, outro mundo é necessário”.

Kenneth "Ken" Loach nasceu na Escócia em 17 de Junho de 1936 e na infância teve que se deslocar com a família entre várias cidades para escaparem aos bombardeamentos alemães.

Na juventude, estudou direito no St Peter's College, da Universidade de Oxford, onde participou num grupo de teatro experimental da universidade. Depois de concluir o curso, participou de espetáculos teatrais, como actor e director, sobretudo em Birmingham. Em 1961 passa a trabalhar como assistente de direção na televisão ABC. Trabalhou depois na BBC, iniciando uma colaboração com Tony Garnett, produtor com o qual partilhava uma formação socialista. Boa parte de sua obra está centrada na descrição das condições de vida da classe operária.

Num estilo naturalista, Loach realiza uma abordagem sem concessões sobre a miséria na Grã-Bretanha, sobre as patologias sociais e familiares e a destruição das políticas públicas de bem-estar social (Riff-Raff, Raining Stones, Ladybird, Ladybird, Carla's Song, Sweet Sixteen). Tratou também momentos sombrios da história do Reino Unido (Agenda Secreta, Land and Freedom, Ventos da Liberdade, Route Irish). A sua obra é comprometida, revelando um alinhamento político à esquerda (aderiu ao Respect Party) quando trata de conflitos sociais e da luta pelos direitos dos trabalhadores ou dos imigrantes clandestinos (The Flickering Flame, Bread and Roses, The Navigators, It's a Free World!). Embora trabalhasse com muito mais frequência na televisão - vinte curtas e longas-metragens - do que no cinema, nos anos 1980-1990, quando surgiu a onda de renovação do cinema britânico, com Mike Leigh, Stephen Frears, Larry Clarke, David Leland e outros, Loach pareceu abrir-lhes o caminho, mantendo-se entretanto fiel a um tipo uma posição política marxista e assumindo posições públicas que muitas vezes foram uma fonte de controvérsia no Reino Unido.

Vários dos seus filmes estão disponíveis no Youtube.

Em 2006, recebeu a Palma de Ouro do 59º Festival de Cannes por “Ventos da Liberdade”. E agora recebeu a segunda Palma de Ouro por “I, Daniel Blake.