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quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

A resolução do Conselho de Segurança da ONU, a reacção de Israel, e a situação na Palestina

Israel começou a construir uma rede de colonatos em toda a Cisjordânia, ocupada  em 1970, e continuou a expandir-se, depois dos Acordos de Oslo de 1993, o que acabou por dividir este território, consagrado como parte da Palestina por acordos billaterais, consagrados internacionalmente, em áreas palestinianas e outras israelitas.
Cerca de 385 mil colonos israelitas vivem na Cisjordânia ocupada, ao lado de 2,6 milhões de palestinianos.
Mais de 200 mil israelitas vivem ao lado de cerca de 300 mil palestinos em Jerusalém Oriental, que é a parte palestiniana da Cidade Santa que Israel ocupa desde 1967 e que acabou por anexar em 1980.
A recente resolução 2334 do Conselho de Segurança, do passado dia 23, pediu a Israel pela primeira vez, desde Março de 1980 para parar de construir colonatos nos territórios da Palestina e de Jerusalém Oriental, numa resolução em que, também pela primeira vez, os EUA não usaram sobre a mesma matéria o seu veto, ficando-se pela abstenção. Todos os 14 outros membros do Conselho votaram favoravelmente a resolução, depois de uma proposta originalmente avançada pelo Egito.
 
 
Porque decidiu Obama despedir-se com esta atitude, entre outras, agora quando a podia ter tomado em anos anteriores dos seus mandatos?
Penso que por várias razões.
A primeira, para tentar provocar um vade retro por parte Trump, apesar de a resolução não ter efeitos sobre a política que os israelitas realizam. Incomoda-os, isso sim, como mostra a suspensão de mais um colonato ontem em Jerusalém Oriental.
Por outro lado, para capitalizar a opinião de outros países árabes para a luta interna em que, obviamente, e apesar da perspectiva que avançou de ir calçar as pantufas, vai continuar. E continuará em muito melhores condições, que outros aliados do lobbie israelita nos EUA, como Hillary Clinton, Bil Clinton ou John McCain, que já não têm igual pedalada, apesar de a estrutura económica, política e militar a que estão associados, manter solidez e não depender apenas de um "one man show".
O efeito das invasões de território palestino e a construção de colonatos na Cisjordânia criou uma situação muito complexa, como o demonstra a infogravura junta do Le Monde de ontem. Suspender novos colonatos é importante mas a situação criada pelos colonatos já existentes será de dificil retorno quando a Autoridade Palestiniana segue de cedência em cedência até ao descrédito total que se reflecte também na crescente marginalização internacional.
E, se de Gaza, em tempos idos, houve possibilidades de dar alguma força à causa palestiniana, o Hamas acabou por fazer do seu governo nesta faixa um sistema retrógrado e autoritário, com o cariz da Irmandade Islâmica, incapaz de combater eficazmente o cerco de Israel e do Egipto, como o lembrou na Abrilabril, e bem, José Goulão na sua resenha sobre o Médio Oriente em 2016.

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