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domingo, 31 de janeiro de 2016

Os EUA e a Arabia Saudita

Há días no Il Manifesto assinalava-se o facto de existirem nuances na forma de um tratamento mais distanciado Em relação à Arábia Saudita em sectores da administração norte-americana enquanto valorizavam mais o diálogo com a Síria. E que os media norte-americanos valorizam hoje mais os crimes da Arábia Saudita.

Porém os EUA ainda patrocinam como parte negociadora sobre o fim do conflito da Síria um homem e respectiva organização que combateram o regime sírio a partir da Arábia Saudita, e que ontem chegou a Genebra para a mesa negocial. Enquanto cooperam com este país nos bombardeamentos aos rebeldes houtis no Iémen.

A relação entre os serviços secretos dos EUA e do regime wahabita vem de longe.

A entrega de armas à Al-Qaeda e ao Daesh já fora antecedida por apoios à UNITA, o armar de mujahidines contra a URSS no Afganistão ou o financiamento aos contras na Nicarágua, antecederam outras cooperações na guerra contra a Síria (1).

A política de fazer cair, a partir da OPEP, o preço de venda do petróleo nos mercados internacionais para defender a sua posição dominante como produtora de novas grandes quantidades de petróleo vindos agora dos EUA (xisto) e do Irão, com o fim das sanções,  causa sérios problemas às economías russa, brasileira, venezuelana ou angolana.

Essas nuances têm, é claro, a ver com o progresso nas relações norte-americanas com o regime xiita de Teerão mas isso não foi suficiente para  que Obama tivesse condenado a execução do xeque xiita Nimr al-Nimr, há días, pela Arábia Saudita . Antes da sua execução, o xeque xiita descrevia assim a vida da população xiita: ”Desde o momento em que nascemos, vimo-nos rodeados do medo, da intimidação, perseguições e abusos. Nascemos numa atmosfera de intimidação. Temos medo até das paredes. Quem entre nós não está familiarizado com a intimidação e a injustiça a que fomos submetidos neste país? Eu tenho 55 anos, vivi mais de meio século. Desde que nasci nunca me sentí seguro neste país. Estamos sempre a ser acusados de alguma coisa. Sempre sofremos ameaças. Quando me prenderam disseram-me “Vocês, xiitas, deviam ser todos mortos” é essa a lógica deles”.

Os EUA têm três grandes aliados no Médio Oriente, a saber, a Arábia Saudita, Israel e a Turquia. Podem ter, por vezes,  ter diferentes atitudes face a este ou aquele problemas, mas a sua aliança é sólida.


Mas essa solidez poderá ser posta em causa com a normalização de relações com o Irão e com a possível queda da familia Saoun, que a execução do xeque xiita poderá acelerar. Os EUA tinham resolvido o complexo problema da sucessão do rei Abdallah. Mas agora a sucessão do rei Salman recaiu no príncipe Mohammed que se apoderou das grandes empresas do país, desencadeou os ataques contra o Iémene  e insistiu com a execução de Nimr al-Nimr. 

Ao nível religioso, o wahabismo é a religião do Estado mas a familia Saoud apoia-se apenas nos sunitas e pratica um verdadeiro apartheid para com as populações que têm outras religiões.

Neste quadro, a revolta alastra e pode ser aumentada  entre as camadas que têm apoiado o regime, em virtude da degradação das condições de vida internas decorrentes da desvalorização do petróleo, de uma possível bancarrota daqui a dois anos, nunca evitável com o endividamento acelerado já em curso.  Ou pela venda de parte da Aramco (empresa petrolífera da Arábia Saudita que produz, manufatura e comercializa em petroleiros o crude e o gás natural e os derivados do petróleo para corresponder à procura global).

O projeto há anos abandonado pelos EUA de dividir a Arábia Saudita em cinco partes renascerá neste quadro?

(1)   [1] “U.S. Relies Heavily on Saudi Money to Support Syrian Rebels”, Mark Mazzetti & Matt Apuzzojan, The New York Times, 23 de Janeiro de 2016.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Hotel de luxo funciona sem licença e usa parque público como se fosse privado, por José António Cerejo, Publico, 26/01/2016



O Hotel Palácio do Governador, um estabelecimento de cinco estrelas localizado em frente à Torre de Belém, em Lisboa, está a funcionar desde Outubro sem licença de utilização. Igualmente sem licença funciona um parque de estacionamento subterrâneo, construído em terrenos municipais anexos ao hotel.
O espaço foi cedido há 15 anos pela câmara, então liderada por João Soares, para construir um parque público. Desde que abriu, em Outubro, serve apenas o hotel, ao qual tem ligação directa, sendo interdito o acesso a outros automobilistas.
Em resposta ao PÚBLICO, a Câmara de Lisboa confirmou na semana passada que o Palácio do Governador e o parque de estacionamento, situados na esquina da Av. da Torre de Belém, com a Rua Bartolomeu Dias, não dispõem de licença de utlização. Mais do que isso: as obras ainda não estão formalmente concluídas, uma vez que o promotor requereu a prorrogação da licença de construção até 28 de Janeiro e ainda tem de cumprir várias obrigações legais até obter a licença de utilização.
À entrada do parque de estacionamento, uma placa de grande visibilidade avisa, por baixo do sinal de parqueamento, “Privado Hotel”. Contratualmente, porém, o parque tem natureza pública, embora a sua construção, e exploração durante 50 anos, tenha sido entregue pelo município, em 2001, à empresa Carlos Saraiva II — que então se preparava para transformar em hotel o palácio degradado dos governadores da Torre de Belém.
Nos termos do contrato de constituição do direito de superfície sobre a parcela de 4159 m2 em cujo subsolo foi feito o parque de um piso, este teria 126 lugares, 20 dos quais reservados à unidade hoteleira. Antes da sua abertura, a empresa teria de submeter ao município o regulamento de exploração e o respectivo tarifário para aprovação. Segundo a câmara, nada disso aconteceu até agora.
O contrato prevê também a extinção do direito de superfície, caso as instalações sejam usadas para um fim distinto do previsto. Em contrapartida do direito a construir e explorar o estacionamento, a empresa teria de pagar mensalmente 1154 euros. De acordo com a câmara, ainda não houve qualquer pagamento, porque a “renda contratada” só será cobrada “após o início da exploração”.
O PÚBLICO dirigiu várias perguntas ao grupo Nau Hotels, que explora o Palácio do Governador, mas não obteve resposta. A empresa Carlos Saraiva II fazia parte de um importante grupo imobiliário e hoteleiro (Hotéis CS) que se desmoronou a partir de 2010. Os seus activos, incluindo o Palácio do Governador, que tinha as obras suspensas há anos, passaram para os bancos credores. Já em 2014, mudaram-se para o universo da sociedade de capital de risco ECS, que criou a marca Nau Hotels.
O direito de superfície continua em nome da Carlos Saraiva II, empresa que mudou de nome para Gavepart II, uma sociedade do grupo ECS sem qualquer actividade comercial.
Além do parque do Palácio do Governador, o empresário Carlos Saraiva esteve envolvido em vários casos que mancharam os executivos de João Soares devido às facilidades que lhe foram concedidas sem cumprimento das normas legais. À época da aprovação do parque de Belém, um dos seus vereadores, Machado Rodrigues, tornou-se proprietário de vários apartamentos construídos pelo empresário sem pagar sisa.
Outro dois colaboradores próximos de João Soares, a vereadora do Urbanismo Margarida Magalhães, e Tomás Vasques, então chefe de gabinete do presidente da câmara e desde há um mês chefe de gabinete do ministro da Cultura, tornaram-se administradores de várias empresas de Carlos Saraiva pouco depois de perderem as eleições de 2002, a favor de Santana Lopes.

Câmara de Lisboa oferece jardim ao promotor
O direito de superfície aprovado em 2001 pela Câmara de Lisboa em favor da Carlos Saraiva II tinha uma particularidade excepcional. No subsolo da parcela municipal de 4159 m2 seria construído um “parque público de estacionamento subterrâneo”.
Por cima, à superfície daquilo que continua a ser um terreno camarário haveria duas zonas distintas: uma, de 2713 m2, para espaço de utilização pública; outra, de 1446 m2, reservada para uso privativo do hotel e designada “zona de protecção” do mesmo.

Frase de fim-de-semana, por Jorge

"Aus der Geschichte der Völker können wir lernen,
 dass die Völker aus der Geschichte
nichts gelernt haben"

"Podemos aprender com a história dos povos
 que os povos
nada têm aprendido com a história"

Georg Wilhelm Friedrich Hegel
filósofo alemão
1770-1831

Orçamento de 2016: o que muda ponto por ponto, segundo a Lusa, no passado dia 22

Défice e crescimento: O Governo compromete-se com uma redução do défice para 2,6% do PIB este ano e com um crescimento económico de 2,1% do PIB.

Família: Adoção de medidas que devolvem às famílias mais de mil milhões de euros em 2016 e que serão parcialmente compensadas com o aumento dos impostos de selo, sobre produtos petrolíferos e o tabaco, estimado em 390 milhões.
Desemprego: A estimativa da taxa de desemprego é de 11,2% este ano, menos 1,1 pontos percentuais do que a taxa prevista para 2015.

IVA da restauração: Será reposto para 13% a partir de Julho (entretanto o governo já só o admite para a alimentação e bebidas não alcoólicas.
Impostos: Os impostos do selo, sobre os produtos petrolíferos e sobre o tabaco serão revistos. Com estas medidas espera-se receitas equivalentes a 0,21% do PIB. Nos combustíveis, o aumento do imposto será de cinco cêntimos na gasolina e quatro cêntimos no gasóleo, avançou esta sexta-feira o ministro das Finanças, Mário Centeno. Já o imposto de selo (transações financeiras de crédito ao consumo) vai aumentar 50%.

TSU: Os trabalhadores com salários iguais ou inferiores a 600 euros mensais vão beneficiar de uma redução da Taxa Social Única (TSU) até 1,5 pontos este ano.
Prestações sociais: Vão pesar mais 0,02% este ano face 2015. O Governo prevê a atualização do abono de família de 3,5% no primeiro escalão, de 2,5% no segundo escalão e de 2% no terceiro escalão. Tem igualmente impacto no pré-natal, apesar de ser menor, por este ser indexado ao abono de família. É ainda reforçada a majoração para famílias monoparentais beneficiárias do abono pré-natal, aumentando em 15 pontos percentuais a taxa de majoração em vigor, passando para 35%.

Empresas públicas: António Costa compromete-se a manter o esforço com o objetivo de melhorar o desempenho das empresas públicas. Os últimos dados da Unidade Técnica de Acompanhamento e Monitorização do Sector Público Empresarial do Ministério das Finanças, relativos ao segundo semestre de 2015, mostram que os prejuízos diminuíram 30% para 431 milhões de euros negativos,
Salários: A reposição salarial dos funcionários públicos pese 0,24% no PIB este ano, tendo em consideração o "ajustamento verificado entre a saída e entrada de trabalhadores". A remuneração por trabalhador cresce 2,1%, um valor que reflete a reposição salarial na Administração Pública e o aumento do salário mínimo

Emprego: Avaliação das políticas ativas de emprego e formação de modo a melhorar a eficiência dos serviços públicos de emprego. O Governo revela que "está a ser desencadeado um processo de avaliação das políticas ativas de emprego, de modo a aferir os resultados das diferentes medidas de emprego e formação atualmente promovidas, direta ou indiretamente, pelos Serviços Públicos de Emprego".
Empresas: Promessa de encontrar novas medidas de apoios à capitalização das empresas, para reduzir o endividamento com recurso ao crédito bancário, uma tarefa que levou à criação da Estrutura de Missão para a Capitalização de Empresas.

Saldo primário: Aumento do saldo primário, que exclui os encargos com a dívida pública, para os 1,9% do PIB em 2016, um aumento de 1,4 pontos percentuais face ao ano passado.
PPP: Concluir em 2016 a análise extensiva às renegociações das parcerias público-privadas (PPP) rodoviárias, levadas a cabo pelo anterior Governo, para verificar "a real redução de encargos líquidos" para o erário público.

Dívida pública: Reduz-se em 2,7 pontos percentuais do PIB, projetando-se um valor de 126% do PIB no final de 2016.
IRC: Mantém-se nos atuais 21%.

IVA e IRS: O Governo prevê que a receita do IRS caia cerca de 3% este ano, enquanto o valor arrecadado com o IVA deverá subir cerca de 4%.
Investimento público: Aponta-se um crescimento de 4% face a 2015. Este valor corresponde, defende o Governo, a um efetivo esforço de aceleração na execução do Portugal 2020.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Soam as hordas às nossas portas


 A  Moody’s, a Standard and Poor’s e a Fitch mais um comissário europeu têm andado na cruzada  de vergastar o esboço de Orçamento e querendo que ele reflicta as opções do governo derrotado em 4 de Outubro. Assunção Cristas vai à boleia, com um linguarejar underground, atirando-se como gato a bofe às previsões orçamentais.

Querem cortes sociais, de salários, pensões, da saúde, educação, a continuação de despedimentos na Função Pública, continuidade nas privatizações. Não querem os primeiros passos que foram dados em sentido contrário com o actual governo. E chegam a dizer que se o governo moderar as suas opções nestes campos, tenha problemas no seio dos participantes dos acordos que sustentam este governo, e isso ponha em causa a maioria parlamentar que o sustenta e crie instabilidade (!).

Uma destas “agências de “notação”, a Fitch, chega mesmo a ameaçar desclassificar Portugal nos ratings que manipula com critérios essencialmente políticos para condicionar as decisões dos países. Tal como o fazem as outras “agências”.

Mas não estaremos nós lembrados dos atestados de saúde que deram a grandes bancos multinacionais norte-americanos nas vésperas das suas falências, na sequência da crise do sub-prime? Cobriram então, com a cumplicidade de quem conhecia bem essas situações, um bando de criminosos. E foram cúmplices com a passagem da crise daí decorrente para a Europa todo o mundo.

Porque deveríamos seguir os conselhos destes membros de uma grande associação criminosa, para além de que só pretendem o degradar das condições no nosso país, ao nível de emprego, rendimento das famílias, economia, funções sociais do Estado?

E o representante da Comissão Europeia não reconhece a falência que foram as anteriores políticas de resgates, e que vários países europeus não estão na disposição de aceitar mais imposições desse tipo?

Os portugueses não aceitarão os diktats de todos eles.

terça-feira, 26 de janeiro de 2016

No rescaldo das presidenciais, algumas reflexões, falsas comparações e desejos pífios


Algumas palavras sobre a campanha de Edgar Silva começam pela constatação de que foi, sem dúvida para mim, o melhor candidato que o PCP podia ter escolhido. A votação final pouco tem a ver com o mérito próprio da campanha que fez. Só quem acompanhou o candidato no dia-a-dia dos seus contactos, conversas e intervenções terá observado que a sua linguagem foi fluente, sem a preocupação de ficar formatada em conceitos, que sendo ideias de campanha, só alguns meios de comunicação se fixaram neles para limitar os diálogos do candidato a “patriótico e de esquerda”, “valores de Abril”, etc., etc., que poderiam sugerir uma padronização de mensagens que não existiu.
Na minha opinião a candidatura devia ter sido no discurso mais virada para o apontar do que defendia para exercício do futuro PR do que definir políticas de governo, se bem que, inevitavelmente, e por questões de atualidade, a abordagem de questões como a recuperação de rendimentos em curso, a reversão do negócio da TAP, a venda do Banif. Já me parece fora do contexto e um “tiro no pé” várias críticas a um governo, em cujo acordo de existência participamos.
Já agora, o PCP terá que repensar as suas campanhas eleitorais para uma mais justa relação entre sentimentos de entusiasmo para militantes e para os media e a necessária e prolongada captação de confiança que se traduza em votos de muitos sectores que se não satisfazem com a imagem mas aspiram as respostas concretas aos problemas concretos, ideias claras sobre como poderão ser as saídas para o emprego, para o crescimento económico, onde investir e com que recursos e como deslaçar os constrangimentos à soberania..
Marisa Matias tem méritos próprios para além dos que lhe tenham sido conferidos pela campanha de marketing que contratou. Não percorreu os temas obrigatórios do “ao que venho” e optou pelas manifestações de simpatia de rua. Teve a perceção da guinada de votos não esperada que a questão das “reformas vitalícias de políticos” lhe poderia dar. Passou três dias a abordar o tema de forma ligeira enquanto os media pontuavam a seu favor. Discordo da forma como o fez. O tema devia ter sido tratado com o rigor da história que lhe está associado. Desta forma demagogia e populismo podem-lhe ser legitimamente invocados. Já não estarei de acordo em, como fez o secretário-geral do meu partido poder sugerir que era uma engraçadinha a que o PCP nunca recorreria. Jerónimo é um grande secretário-geral, e nessa qualidade projetou a influência do Partido para eu só poder entender isso como um deslize.
Não falarei de mais candidatos.

Tem-se feito muito uma comparação que é disparatada. Os resultados nas presidenciais não são comparáveis com os das legislativas e nenhuma destas duas é comparável com os das autárquicas. Nem um resultado de uma candidatura do PCP pode ser comparado com o resultado de candidaturas anteriores. Se isso fosse possível, o Edgar teria tido uma votação superior à que a minha candidatura teve em 2001. Naturalmente que o PCP terá que apreciar as causas de debilidades diversas e de evoluções negativas no que é comparável para reverter tendências que não favoreçam um partido com maior projeção, como a sociedade portuguesa precisa, para um caminho mais consequente de uma nova política. Também a pressão que vem de comentadores de direita de que a “nova correlação de forças BE/PCP” vai agitar o PS e os acordos de viabilização do governo, será um desejo pífio duma direita que ainda não largou o revanchismo pós 4 de Dezembro e que anda de braço dado com atitudes despropositadas de Bruxelas, da ingerência na nossa vida interna da Moody's ou do cherne Barroso (que deita gordura do pescoço, alto lá com ela!).
Enquanto isso, venha a proposta do Orçamento para 2016 para nos debruçarmos todos sobre ela. E a troika que baixe bem a bola depois das revelações de ontem da estória da troika do Passos.

Ah! Marcelo é o Presidente “de todos os portugueses” (aqui a minha prima ao lado diz “ámen!”). 
 
Ai, meu Deus acabei de ouvir a Cristas...Que mais nos irá acontecer???

domingo, 24 de janeiro de 2016

A China no Médio Oriente propõe paz e desenvolvimento e recupera a idéia da Rota da Seda

 
Na sua visita deste mês de Janeiro à Arábia Saudita, Egipto e Irão, o presidente chinês teve uma intervenção contrária ao modelo de guerras e agressões que estão em curso no Médio Oriente.
Na sede da Liga Árabe e nos contactos com esses três países, Xi Jinping, defendeu que para parar a instabilidade na região, havia que optar pelo desenvolvimento, encontrando em comum novas áreas de crescimento, através da iniciativa a que chamam “Um cinturão e uma Rota”, que recria face às realidades dos nossos dias a antiga “Rota da Seda”, tão vantajosa que foi para a Eurásia.
Nos últimos anos a China assinou contratos de engenharia de 46,4 mil milhões de dólares e elevou em muito as relações comerciais com vários países, estabeleceu um novo plano quinquenal com a Arábia Saudita, acordos sobre a construção de um novo corredor no Canal do Suez e sobre a construção da nova capital administrativa do Egipto.
Um responsável do IEEI confirmou que esta cooperação , assente numa plataforma de diálogo entre as diferentes regiões e civilizações, pode reforçar a confiança entre os países da antiga Rota da Seda.
O retomar da idéia da Rota da Seda, expressa a importância que esta teve para as trocas comerciais e para o contacto de civilizações que interagiam como parceiros comerciais. É impossível imaginar que se tivessem desenvolvido e florescido civilizações como o Egipto antigo, a Mesopotâmia, a China, a Pérsia, a India e mesmo Roma, sem este intercâmbio. E, sem dúvida que ela está na origem do mundo moderno.
Por outro lado, o investigador principal do Centro Regional de Estudos Estratégicos do Egito, Ibrahim el-Ghitany, disse durante uma entrevista concedida ao Diário do Povo que os países do Médio Oriente estão a “olhar para o Oriente” e têm grande interesse pelo desenvolvimento das relações económicas e comerciais com a China. Para ele, o Médio Oriente já não é dominado pelas empresas europeias e norte-americanas.
Xi referiu que “ a China promove as conversações de paz no Oriente Médio e que em vez de pocurar estabelecer uma esfera de influência, a China convida todas as nações da região a comprometerem-se na iniciativa ‘Um Cinturão e Uma Rota’ para viabilizar uma rede de parcerias de benefício mútuo”.
E também que
“A China e as nações árabes deveriam ser construtoras da paz, agentes do desenvolvimento, impulsionadoras da industrialização, apoiantes da estabilidade e parceiras nos intercâmbios entre os povos do Oriente Médio,”

 

sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Até domingo ganhar todos os votos para Edgar Silva

Prestes a concluir a 1ª volta, deixo a minha opinião sobre o que vi.
Macelo fez uma lamentável desvalorização, do cargo a que se candidata, não trazendo para debate as suas prerrogativas presidenciais e como as utilizaria num quadro complexo e exigente como aos que temos no país, na Europa e do Mundo.
Tal vazio só pode suscitar suspeitas sobre agendas escondidas e a utilização do Palácio de Belém como centro de intriga política, um dos aspetos principais do seu carácter. Ver Marcelo a comer bolinhos e distribuindo abraços é ver o desrespeito pela política e pelas respostas que quem sofre necessita.
A sua derrota numa 2ª volta será relevante para a consolidação da democracia e .para que a direita não se desforre nas presidenciais em relação ao 4 de Dezembro.
Sampaio de Nóvoa esteve muito melhor que Maria de Belém. A Maria correu quase tudo mal depois de ter ido para a corrida quando ficou claro que a direcção do PS se inclinaria para Nóvoa.
Edgar Silva percorreu, incansável o país, foi à emigração e regiões autónomas, esteve com trabalhadores, agricultores, pescadores e sus causas. Os temas abordados foram adequados. Marisa Matias teve um desempenho mais soft mas eficaz , não sendo de ignorar que desde o lançamento das candidaturas,  mereceu sempre maior cobertura da comunicação social.
Agora há que impor a Marcelo uma segunda volta. Então perderá.

Frase de fim-de-semana, por Jorge


"O pessimista fica feliz
quando acerta e quando erra."

Millôr Fernandes
escritor e humorista brasileiro,
1923-2012

Buena Vista Social Club - Silêncio


sábado, 16 de janeiro de 2016

Refugiados, imigrantes de substituição?


Em 2001, a Divisão da População das Nações Unidas, do Departamento das Questões Sociais e Económicas, dependentes do secretariado,  publicou um estudo sobre as migrações de substituição, isto é as carências de imigrações vindas de outros países para evitar a diminuição e envelhecimento da população de um grande número de países que apresentavam taxas de fecundidade e de mortalidade reduzidas, a partir do estudo em oito países (Alemanha, EUA, Rússia, França, Itália, Japão, Reino Unido e Coreia do Sul) e duas regiões (Europa e União Europeia), e fazendo projecções.

Nessa altura esses dois organismos da ONU concluíam que :
Durante os 50 anos seguintes, a população da maioria dos países desenvolvidos diminuiria e envelheceria em consequência dos níveis de fecundidade e mortalidade;
É necessário manter certos níveis de imigração para evitar o decréscimo populacional em todas as regiões e países referidos no estudo.

O número de imigrantes necessários para evitar o decréscimo da população, é consideravelmente maior do que o projectado pela ONU;

O número de imigrantes necessários para evitar o decréscimo da população activa é mais elevado do que o necessário para evitar o decréscimo o global da população;

Em termos relativos, Alemanha e Italia precisariam de um número mais elevado de imigrantes para manter o tamanho da sua populacão activa;

 Os níveis de imigração necessários para evitar o envelhecimento da população são várias vezes mais elevaos do que os requeridos para um decréscimo da população total;

Na ausência de imigração, os quocientes de dependência potencial podiam mantere-se dos níveis actuais se se desalocasse a idade de reforma aproximadamente para os 75 anos.


Mas estas seriam as respostas que se conformariam com as políticas que permitiram que aqui se chegasse. O neo-liberalismo provocou o decréscimo acentuado dos níveis de vida (salários, desregulamentação do trabalho, na sua precarização, na exigência e deslocações de residências, pensões e apoios sociais às populações (educação, saúde, segurança social, preços dos transportes, entre outros, com consequências evidentes na fuga de diplomados para outros países, mais ricosredução do número de filhos por casa, etc.

Depois dos atentados às torres gémeas em 2001, o Pentágono e a NATO usaram isso para justificar perante a comunidade internacional o blietzkrieg contra o Médio Oriente, começando pela invasão do Afeganistão, depois do Iraque. E tendo criado os talibans para se oporem ao regime democrático de Kabul, e depois à discutível presença militar soviética, mesmo que a pedido do governo legítimo. A criação de outros grupos militarizados com formação terrorista que usaram diferentes designações ao longo dos anos.

A partir de 2011 foi a chamada “primavera árabe” que levou à queda dos regimes do Egito, Tunísia, Líbia, Iémem e Barein. Só na Síria não conseguiram. Têm-no tentado até ao momento, socorrendo-se de países como a Arábia Saudita, Turquia e Israel.

O Irão foi vítima de bloqueios e sanções. As diversas tentativas derrotadas e o Irão, que, já se confirmou como grande potência regional. E com os EUA tiveram que assinar com o Irão um acordo sobre a região.

Os refugiados que chegam à Europa hoje não correspondem à imigração de substituição que inicialmente a ONU falava. Partem desesperados, são usados por organizações mafiosas, que os fazem deslocar para países de acolhimento intermediário (Grécia, Itália, Turquia, Líbano e outros). Aí permanecem, verdadeiros prisioneiros, ou são deslocados por mar, onde encontram frequentemente a morte. Mas a Europa e outros países devem acolhê-los bem

Os países que os acolherem, em geral, fariam descer as condições das populações ainda existentes, já fustigadas por decréscimos importantes, de maneira a harmonizar o mercado de trabalho e outras condições de vida e direitos por baixo

Por isso, este estudo da Comissão de População da ONU, já há 15 anos, apontava para pistas para mudança de políticas:

·         Os novos desafios que se apresentam com a diminuição e envelhecimento das populações requerem uma revisão geral de numerosas políticas e programas existentes, numa perspectiva de longo prazo. Entre os aspectos críticos que precisam de avaliação estão os seguintes

(a)a idade da reforma

(b) Os níveis e tipos de pensões de reforma e de saúde e de saúde adultos;

 (c) A participação na força de trabalho;

(d) As contribuições de trabalhadores e empresários para as pensões de reforma e de saúde para os adultos;

(e) as políticas e programas de imigração, terem políticas de integração, especialmente em relação às migrações de substituição e à integração de contingentes importante de imigrantes a las migrações de substituição e a integração de contingentes importantes de imigrantes e dos seus descendentes;

domingo, 10 de janeiro de 2016

Frase de fim-de-semana, por Jorge

"Die Vernunft hat immer existiert,
nur nicht immer in der vernünftigen Form"

"A razão existiu sempre,
embora nem sempre
de uma forma razoável"

Karl Marx
filósofo e revolucionário alemão,
1818-883,
em carta a Arnold Ruge
de Setembro de 1843

sábado, 9 de janeiro de 2016

Médio Oriente, as tensões que se agravam, um processo de paz que tarda

Os factos aí estão: execução de 47 militantes xiitas na Arábia Saudita, as reações populares e do Irão, o atentado não reivindicado em Cabul, o abate pela Turquia de um avião russo com o apoio de um AWAC da Arábia Saudita, os atentados de Paris, o abate de um avião de passageiros russos, atentados na Nigéria, agressões externas ao Iémen e Somália, os massacres do Daesh na Síria e no Iraque, as consequências de tudo isto numa vaga emigratória com aspectos desumanos e muitas mortes.
 
Estes factos deixam, no ano que passou e já neste ano, um rasto crescente de violência onde as vidas são sacrificadas a agendas ocultas, onde há o apelo mais ou menos explícito à violência sectária, iludindo as verdadeiras causas destes acontecimentos.
 
Só no Iraque, Paquistão e Afeganistão, desde o início deste século já foram mortas mais de 4 milhões de pessoas.
 
Em torno da agressão à Síria, configuraram-se dois blocos. O primeiro envolve a Arábia Saudita, a Turquia, a França, Israel, Qatar, Dubai, Emiratos Árabes Unidos, Bahrein e Jordânia. O segundo envolve a Síria, Irão e Rússia.
 
Por detrás do primeiro bloco, os EUA têm também uma agenda própria. Os EUA combatem a Síria no sentido de garantirem o domínio do seu petróleo, de eliminar um aliado da Rússia na região, de inviabilizar o fornecimento de gás russo à Europa, de alargar o espaço caótico que lhe permita um vasto corredor de acesso à Rússia e depois contra a China.
 
Mas Israel também tem na sua agenda dividir o Próximo-Oriente, em particular no Levante em mini-estados de natureza étnica e confessional com dois objectivos: garantir a segurança das suas fronteiras e justificar a sua própria existência como estado dos judeus de todo o mundo, de acordo com a ideologia sionista.
 
Até ao momento só uma grande potência, a Rússia, deu resposta à altura dos acontecimentos, desdobrando-se em iniciativas de paz, propostas de acordos e de mediação de conflitos como o que acontece agora entre a Arábia Saudita e o Irão. Mas também coordenando acções com a Síria no plano militar que tem vindo a eliminar o Daesh e a sua ocupação do território, face à anterior inoperância de uma “coligação”, sem mandato para ali intervir, que numa primeira fase apoiou a progressão do Daesh no território e depois de desmascarada procedeu a bombardeamentos para cobrir o avanço dos curdos sírios contra o regime.
 
Desde a derrota do golpe na Síria, em Março de 2011, o conflito desenvolveu-se a ponto de se transformar numa complexa situação. O Exército Árabe Sírio leal ao presidente Bashar Al-Assad, grupos armados derrotados quando da tentativa do golpe e potências estrangeiras são peças de um intrincado jogo.
 
Segundo estimativas da ONU, mais de 200 mil pessoas já morreram nos mais de quatro anos de conflito na Síria e há pelo menos 4 milhões de pessoas deslocadas internamente, com alguns milhares chegando diariamente à Europa em busca de refúgio.
 
As tropas leais a Assad lutam contra vários grupos terroristas, que até há pouco tempo tinham sido absorvidos pelo Daesh, calculando-se terem uns 100 mil homens. Muitos destes grupos contam com mercenários estrangeiros. Por outro lado grupos libaneses e iranianos (Hezbollah) apoiam as fileiras do governo.
 
Entre as forças estrangeiras estão os Estados Unidos e seus aliados ocidentais, além de potências regionais como a Turquia, Israel e países do Golfo Pérsico. Que formaram uma “coligação com o pretexto de deslocar o Daesh da Síria e do Iraque. O governo sírio conta com o apoio da Rússia e do Irão.
 
O regime iraquiano está dependente dos EUA mas as fricções entre ambos aumentam. O Afeganistão não tem uma intervenção directa.
 
A monarquia saudita é nos dias de hoje uma ditadura anacrónica. A família Saoud é proprietária do país como, há décadas atrás, o rei belga Leopoldo II era proprietário do Congo em nome pessoal. É um regime que se sente ameaçado e se mantem pelo terror, mesmo dando alguns sinais de abertura como foi a permissão de candidaturas femininas quando…autorizadas pelos cônjuges. A execução,  de há dias atrás, quebrou com o efeito de tais « aberturas » e o Irão encara com simpatia uma revolta xiita neste estado vaabita.
 
A família Saoud  opõe-se a Assad. Apoia o Daesh e outros grupos terroristas.
Grande rival do Irão no Médio Oriente, a Arábia Saudita é parte da coligação dirigida pelos EUA “para atacar” o Daesh.
 
Em recente encontro de líderes em Nova Yorque, o governo saudita reiterou o seu desejo de ver Assad deposto. O ministro das Relações Exteriores, Adel Al-Jubeir, defendeu uma intervenção militar na Síria ou um armamento mais ostensivo dos grupos terroristas que actuam neste país.
 
A Arábia Saudita é um dos principais financiadores de rebeldes de orientação sunita, incluindo alguns mais radicais. Mas tem rejeitado acusações do Irão e de outros países de que também teria dado dinheiro e armas para o Daesh. No entanto, diversos milionários sauditas de uma forma clara já doaram dinheiro à causa jihadista do Daesh e há quem estime que cerca de 2.500 homens do país tenham viajado para a Síria e Iraque para se juntarem às fileiras do grupo terrorista.
 
Com Hollande a ser mais falcão que os EUA, insistindo no afastamento de Assad, como ainda se sentisse numa relação colonial com a Síria, com a Alemanha a querer afastar-se desta convergência anti-Assad, com a Bulgária, membro da UE e da NATO, governada por um bando de mafiosos a fornecerem droga ao Daesh e Al-Qaeda quer na Síria quer na Líbia, com o exército iraquiano a criticar os EUA pela falta de apoio e de um apoio à fuga dos membros do Daesh, tudo é muito complicado mas com oportunidades para se caminhar para verdadeiros acordos de paz.
 
Um novo ano que já começou mal com o passo da Arábia Saudita, pode ainda ser oportunidade a não perder.

 

Henrique Monteiro, um dos piores jornalistas

Ao classificar hoje no Expresso Edgar Silva como o pior dos candidatos, fê-lo num tom de desconsideração mal disfarçada, renovando etiquetas que no passado já atribuiu a outros comunistas e outras pessoas de esquerda.
Velho esquerdista, adorador de Mao e Kim-il-Sung, rapidamente fez um aggiornamento para a direita. Percebe-se conhecer pouco da História. Lemos-lhe a prosa e não percebemos onde está a análise, a investigação, a ponderação de fontes. Anos atrás de anos, Henrique Monteiro tem sido um jornalista (ou comentador) medíocre que se arrasta em generalidades, clichés, apanhando uma frase feita aqui, outra ali, quase sempre sentenças que dispensam o critério da verdade.
Ainda por cima recorre à  "comparação" em tom pejorativo do meu camarada Edgar com anteriores candidatos comunistas, que refere, citando entre outros o meu nome. Não lhe ligues Edgar, trata-se de alguém habituado a desrespeitar,  com pouca elevação intelectual, os outros. Ainda por cima tu, que tens uma vida de causas que não renegaste, feita nas mais variadas circunstâncias!
Força Edgar!

sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

Frase de fim-de-semana, por Jorge

"Nobody can go back and start a
new beginning, but anyone can
start today and make a new ending."
"Ninguém pode voltar atrás e começar
um novo princípio, mas toda a gente pode
começar hoje e fazer um novo final".

 
Maria Robinson
escritora inglesa
1758-1800

Moda da Passarada, pelos Tais Quais